O Museu Boulieu – Caminhos da Fé acolhe a coleção formada pelo casal Maria Helena e Jacques Boulieu. O acervo reúne peças provenientes de variadas regiões do mundo nas quais se projetou a cultura ibérica levada pelos navegadores e conquistadores portugueses e espanhóis. A arte barroca tem aqui uma síntese de sua expressão global.
Os territórios aonde chegaram os colonizadores, no entanto, já estavam habitados e havia pujantes e variadas culturas com organização, costumes e visões de mundo próprios. A arte barroca, então, se defrontou e penetrou nesse ambiente: na religiosidade e nas manifestações estéticas derivadas do projeto colonizador de dominação dos povos nativos, gerando expressões únicas, entre outros efeitos sociais e econômicos historicamente conhecidos.
Esse encontro de culturas, também marcado por conflitos, gerou novos caminhos, desde as Índias Orientais até as Ocidentais, de Calcutá, Bombaim e Goa ao México dos astecas e à Cusco dos incas, de Macau e do Japão às terras brasileiras do Atlântico Sul.
Em marfim e prata, em madeira e pedra, em terracota e couro, as obras de arte vistas no Museu Boulieu contam a história inaugurada pelas navegações de Vasco da Gama, Colombo e Cabral, história essa que adquiriu novas feições e significados durante os séculos.
No pórtico do centro de Ouro Preto, expressão maior do Barroco brasileiro e patrimônio histórico mundial, o Museu Boulieu apresenta o espetáculo do Barroco e seus desdobramentos como estilo de arte e fenômeno social nos quatro cantos do planeta.
A instituição ocupa as instalações do antigo Asilo São Vicente de Paulo, localizado ao lado do Paço da Misericórdia, onde funcionava a antiga Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto. O prédio possui arquitetura eclética e espaços internos característicos da arquitetura sanitarista do início do século 20. Faz parte do Conjunto Urbanístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.
Maria Helena e Jacques Boulieu
A brasileira Maria Helena de Toledo e o francês Jacques Boulieu casaram-se na Igreja da Glória, no Rio de Janeiro, no final da década de 1950, tendo como padrinho o presidente Juscelino Kubitschek. A lua de mel, na Bahia, fez com que o casal ali adquirisse a primeira peça de uma coleção que abrange obras de várias partes do mundo onde floresceu o estilo barroco.
Por mais de seis décadas, eles se dedicaram, com extremo zelo, à formação e à conservação do acervo. Atenta aos caminhos da fé, Maria Helena compartilha com Jacques o interesse pelas obras, e, com isso, a ideia do museu surgiu como legado ao público para conhecer e refletir sobre a religiosidade a partir da coleção.