Número de registro
908
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 03 América Latina, Parede
Resumo descritivo
Esta pintura da Imaculada concebida pelo Espírito Santo tem o apelo das figuras edulcoradas pelos seguidores do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682). Para suprir a demanda de encomendas por pinturas cujas figuras eram destinadas às devoções particulares, como esta da Imaculada, os ateliês produziam em séries seguindo modelos conforme os perfis de clientes – ricos mineradores e funcionários do governo contentavam-se com as pinturas mestiças ou crioulas com referenciais cultos, mais sofisticadas que as pinturas populares piedosas.
A moldura em forma de ramalhete de flores tem nos quatro cantos a lembrança da pureza da Imaculada, com vistosas açucenas em frescor. As rosas vermelhas – rosa mística – voltam-se para a retratada, de forma semelhante às pinturas referenciais flamengas ainda do século 17. Em seu peito há uma tarja com inscrições alusivas ao Cântico do Magnificat: no seio da beata virgem habita a alma do Senhor (versão livre), que acaba de ser concebida pela ação do Espírito Santo, a pomba em seu peito. Os escritos completam-se na auréola, invocando que a intercessão de Maria – per Mariam – chegue a Cristo – IHS – na parte central da frase. O gesto das mãos cruzadas simboliza a concordância e aceitação ao que lhe foi proposto, ficar grávida mesmo sem conhecer o homem.
A face da Virgem é de apuro técnico, com certeiras pinceladas de algum mestre nas técnicas do esfumado – no rosto – e do esfregado – as transparências do fino tecido que envolve o colo. O brocateado – aplicação de pinceladas de ouro formando desenhos – foi executado com coerência e distinção em cada espaço. Na túnica, imitando apenas o esgrafiado das vestimentas das esculturas, com riscos retos e aplicação de pequenas flores. Os desenhos que definem as bordas do manto ostentam ramagens curvilíneas e a repetição das flores. Já o manto recebeu ramagens mais longas e a adição de hachuras, indicando possíveis zonas mais escuras. As soluções conjugam-se em harmonia: os dizeres, as flores e figura com claros e escuros e as vestimentas planas com os desenhos dourados recordando as soluções escultóricas.
No escrito da tarja lê-se: Interior a baeta Virginis, benedix, anima mea dominum et omnia interior a mea, nominis, into eius.
Data de produção
Local de produção
Anotações do Colecionador
Virgem Maria de mãos cruzadas, cercada de flores à maneira flamenca. Ricamente dourada. Cartuchos com inscrições: "interiora biate virginis bendix. anima mea" e "per Maria en Maria con Maria".
Bibliografia
LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário crítico de teologia. São Paulo: Paulinas: Loyola, 2014. p. 1093--1095.
RÉAU, Louis. La Inmaculada Concepción. In: Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Bíblia. Nuevo Testamento. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2008. v. 2, t. 1, p. 81-90.