Número de registro
760
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 01 Ásia, Vitrine Engastada 01, 2ª prateleira centro direita
Resumo descritivo
A Virgem em Majestade é evocada nas litanias marianas como Sede Sapientiae, sede de sabedoria. A iconografia se origina nas catacumbas romanas, com Maria amamentando o menino Jesus. Nas basílicas bizantinas, no Oriente, nos três primeiros séculos os mosaicos com a Virgem entronizada são denominados Theotokos, a mãe de Deus.
Já no Ocidente, no período românico, as esculturas em madeira com a Virgem sentada e o Menino eram evocadas como a Virgem Nikopoia – Santa Maria, Mãe de Deus, que traz a vitória –, iconografia que se popularizou na Península Ibérica.
No tardo medievo e início do Renascimento, artistas italianos como Giotto, Duccio, Simone Martini e Cimabue executaram trípticos com pinturas em têmpera sobre madeira ou afrescos sobre paredes com essa representação – que se convencionou denominar Maestà.
Virgem em Majestade executada em madeira entalhada em duas peças. A composição é simétrica, a Virgem com túnica vermelha, gola apertada no pescoço, cíngulo duplo na cintura e pregas retas no colo, com mínimas ondulações junto aos pés. O manto azulado escorre no ombro direito e se mostra nos joelhos, deslizando com leve repuxado – o que possibilitou ao artesão criar um semiarco que rima com aquele do espaldar alto. A fantasia que se permite é a do trono imaginário com dois grandes “S” nas laterais e também o remate em arco pleno, conferindo maior dignidade à cena.
A figura alongada da Virgem remete a um referencial gótico ou românico, de alguma gravura ou pequena escultura levada pelos padres das ordens religiosas europeias atuantes no Oriente. A face é serena, com o olhar semicerrado, pálpebras pesadas e sobrancelhas delineadas por pintura escura. A marca longilínea mostra-se também no nariz alongado, lábios apenas sugeridos e queixo não demarcado. A posição ereta do Menino conjuga-se nos alinhamentos verticais da perna e do espaldar. A mão materna o mantém de pé, com o globo na mão esquerda. Na iconografia tradicional, com a mão direita, faria o sinal de bênção, mas aqui a palma de sua mão se volta para o fiel, em um sinal recorrente de esculturas budistas.
Os detalhes particulares iconográficos das representações do Ceilão-Português da Virgem e o Menino entronados, conhecidos como a Virgem em Majestade, são específicos do mundo português. Essa composição espelha-se também nas representações na educação da Virgem, Pietà e Árvore de Jessé (MARCOS, 2013).
Material
Data de produção
Técnica
Local de produção
Anotações do Colecionador
Escultura em madeira policromada e dourada, importante cadeira com ornamentos laterais, base removível com fixação com cravos de madeira escura, peça nobre.
Bibliografia
MARCOS, Margarita M. Estella. The Indo-Portuguese and Hispano-Philippine Schools of Ivory Sculpture. In: Journey to New Worlds. Spanish and Portuguese Art in the Roberta and Richard Huber Collection. Philadelphia: Philadelphia Museum of Art, 2013.