Nossa Senhora em Majestade, Escultura religiosa, séc. XVII

Resumo descritivo

A Virgem em Majestade é evocada nas litanias marianas como Sede Sapientiae, sede de sabedoria. A iconografia se origina nas catacumbas romanas, com Maria amamentando o menino Jesus. Nas basílicas bizantinas, no Oriente, nos três primeiros séculos os mosaicos com a Virgem entronizada são denominados Theotokos, a mãe de Deus.

Já no Ocidente, no período românico, as esculturas em madeira com a Virgem sentada e o Menino eram evocadas como a Virgem Nikopoia – Santa Maria, Mãe de Deus, que traz a vitória –, iconografia que se popularizou na Península Ibérica.

No tardo medievo e início do Renascimento, artistas italianos como Giotto, Duccio, Simone Martini e Cimabue executaram trípticos com pinturas em têmpera sobre madeira ou afrescos sobre paredes com essa representação – que se convencionou denominar Maestà.

A iconografia da Virgem em Majestade tem origem no século 4, ao ser representada na cena da Adoração dos Reis Magos, sentada em um trono, com o menino Jesus sobre seus joelhos, com expressão solene e hierática. Na arte francesa, há notícias de uma escultura assim em ouro, do século 10, que se conserva na Abadia de Conques, e, também em ouro, de um ícone bizantino do ano 946, exibido pelo bispo de Clermont. Nos pórticos das catedrais góticas de Paris, Chartres e Reims, do século 12, estão elas sentadas no trono e protegidas por um dossel processional ou símbolo de Jerusalém Celeste, em forma de igreja com cúpula.

Esta Maestà provém da iconografia pré-renascentista das madonas de Cimabue, Duccio e Simone Martini, em Siena. A Virgem está sentada no trono, com braços curvos e espaldar alto, rematado com uma grande concha. O Menino está de pé, com um dos braços entre os tecidos da túnica e do manto; no braço (faltante) estaria o globo seguro pela sua mão. A policromia desgastada pelo tempo revela tonalidades ocre, dourados e vermelhos no espaldar do trono.