Santo Isidro lavrador, Pintura religiosa, séc. XVIII

Resumo descritivo

Santo Isidro, lavrador (1082-1130), foi um lavrador pobre que passou sua vida prestando serviço nos campos, cultivando grãos. Filho de família moçárabe – cristão vivendo em terras conquistadas pelos muçulmanos na Península Ibérica –, viveu nas terras às margens do rio Manzanares, em Madri. Casou-se com Maria da Cabeça e teve dois filhos; todos os três foram canonizados.
Esta pintura apresenta o santo vestido de camponês, porém vestimentas não de trabalho, mas, sim, para ir à missa. Relata, portanto, um dos milagres mais populares da vida espiritual do lavrador. Diz a história que seu trabalho era para os donos da terra e, em troca, o pagamento era a concessão de um pedaço de terra para tirar seu sustento. Muito religioso, costumava ir todos os dias à missa, e em Madri havia poucas igrejas. Os outros lavradores reclamaram com o dono das terras que Isidro chegava mais tarde para o trabalho diário. Vargas, o patrão, foi certa manhã verificar a veracidade disso. Quando chegou, não viu Isidro, mas, em seu lugar, um anjo sulcava a terra com arado e junta de bois.
Aqui o santo aparece ereto, como nas esculturas dos altares, dominando grande parte da espacialidade da tela, ao mesmo tempo que a divide, possibilitando a narrativa por meio de duas paisagens. Do lado direito, o fato milagroso do anjo arando o campo e, do esquerdo, as águas do rio Manzanares e uma construção, talvez a igreja onde tenha ido à missa ou a sinalização da cidade de Madri, da qual é patrono. Em sua roupa de ir ver Deus – domingueira –, tem nos bolsos do casaco um terço para reza devocional e um pequeno cesto, pois distribuía alimentos – grãos – aos mais pobres. Um instrumento de plantação está seguro na mão esquerda e, quando toca o solo, deixa um caminho de grãos. Os rolos de nuvens nas laterais o agigantam. Ainda há resquícios dos ensinamentos do paisagismo flamengo no arvoredo por detrás da construção.
A imagem do santo lavrador foi muito difundida na América espanhola, em especial pelos jesuítas nas missões, demonstrando o valor do trabalho para os indígenas. Sua escultura era levada em andor em procissão para os campos das lavouras que iniciavam na madrugada. Cantos e rezas ao santo protetor dos lavradores ritmavam a caminhada até os campos.