Número de registro
409
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 03 América Latina, Vitrine 05, Lado B, 1ª prateleira centro
Resumo descritivo
O conceito de Trindade, ou seja, de três divindades em uma só, é oriundo de religiões antigas, como no Egito, na Babilônia e no hinduísmo, que adoram deuses trinos. Não era assim que o cristianismo primitivo concebia a imagem de Deus. Foi apenas no Concílio de Niceia, em 325, que se usou a palavra “Trindade” e a crença em um Deus uno e trino. Esse conceito provocou cismas na Igreja entre Oriente e Ocidente, gerando a Igreja Ortodoxa, e até Maomé formou o Islã sob a crença monoteísta. O dogma da Trindade – em um só Deus há três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo – veio a ser a pedra angular do cristianismo; porém, sob o ponto de vista histórico, tornou-se grande obstáculo (RÉAU, 2008, p. 36-42).
Para os artistas, no entanto, mesmo com o direcionamento dos clérigos, como expressar ao mesmo tempo e com a mesma força a unidade e a pluralidade? Essa solução plausível, dos três sentados em tronos sobre nuvens, com o triângulo como resplendor, as vestes semelhantes e apenas com gestos diferentes, foi uma das formas aceitas: é a Trindade segundo o esquema horizontal, todos sentados um junto ao outro – e são rigorosamente idênticos. O Pai torna-se o maior e, com a mão direita, abençoa a todos; o Filho, sentado à sua direita, como o dileto, estende seus braços para salvar a humanidade; e o Espírito Santo cruza suas mãos em sinal de paz e aceitação.
Cada qual leva um emblema em seu peito: um sol dentro de um círculo para o Pai, um cordeiro sobre uma cruz para o Filho e a pomba de asas abertas para o Espírito Santo, pois assim ele apareceu pela primeira vez nos Evangelhos, no batismo de Cristo por São João Batista, no rio Jordão. Vistos pela face posterior, os três estão sentados em rolos de nuvens, e suas cabeças, com os triângulos, são destacadas do bloco de madeira na altura dos penteados. As três faces nesse conjunto são semelhantes. Nos séculos 16 e 17, havia a iconografia trifacial isomórfica, ou as três faces idênticas, como Cristo, na pintura dos vice-reinados, apesar de ter sido proibida pelo Concílio de Trento (1543-1565).
A peça é de origem da América Central, na Guatemala. No período colonial, tal país, em virtude da sua localização geográfica, foi um grande produtor regional de imagens sacras. No século 17, a imaginária guatemalteca teve como característica traços arcaizantes e foi marcada por uma iconografia tradicional voltada para a evangelização. Já no final daquele século e no 18, as esculturas passaram a ser concebidas com movimentação e dramatismo, resultando em uma evolução nas técnicas de policromia. Entende-se por policromia a camada (ou camadas), com ou sem preparação, realizada com distintas técnicas pictóricas e decorativas, que recobre, total ou parcialmente, esculturas e certos elementos arquitetônicos ou ornamentais, com a finalidade de proporcionar a esses objetos um acabamento ou decoração. A policromia é indissociável do objeto e faz parte da sua concepção e da imagem.
Data de produção
Técnica
Local de produção
Anotações do Colecionador
Escultura em madeira policromada, ferro, base verde. 3 pessoas iguais representam a Santa Trindade como nos quadros pintados nas regiões andinas
Bibliografia
RÉAU, Louis. Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Bíblia. Nuevo Testamento. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2008. v. 1, t. 1, p. 36-42.