Número de registro
1172
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 05 Minas Gerais e Arte Popular, Vitrine 12, Nicho 14
Resumo descritivo
São Benedito – Benedictus, abençoado – nasceu em Santratello em 1524 e faleceu em Palermo, aos 65 anos de idade, no ano de 1589. Seus pais eram escravos na Etiópia e foram sequestrados e vendidos em Palermo. Na fazenda, receberam novos nomes e praticavam boas ações entre os pobres. Benedito nasceu e cresceu pastoreando os animais e no trabalho na lavoura. Dos pais, que tiveram mais três filhos, continuou a praticar as boas ações. Aos 18 anos, pensou em dedicar-se a Deus, o que ocorreu apenas três anos depois, ao encontrar o franciscano Jerônimo Lanza, que o levou para o eremitério Santa Domênica, dos Irmãos Eremitas Franciscanos, nas imediações de Palermo. Lá, onde viveu 17 anos, era chamado de “mouro” por ser negro. Aos 38 anos, mudou-se, por ordem do papa Pio IV, para o Convento de Santa Maria de Jesus, onde posteriormente foi eleito guardião. Sem saber ler, escrever nem sequer ser sacerdote, recusou o cargo, o que em nada adiantou diante de suas razões.
Assumida a função, sua obediência foi ao extremo. Certa ocasião, Maria apareceu e ofereceu o menino Jesus para que ele o pegasse. Com o Menino em seu braço, o sino tocou e o santo disse a Maria que deveria devolvê-lo, pois o sino o chamava para alguma ordem. Como Maria demorasse, saiu com o Menino, abraçando-o, mas, ao devolvê-lo, a mãe reparou que tinha trocado de posição. O santo pediu desculpas, pois deveria obedecer ao chamado do sino. Em outra ocasião, sem comida no mosteiro, pediu a um ajudante que enchesse a panela de água. Em sua cela rezou. No dia seguinte, a panela estava cheia de peixes. Uma criança ficou entre as rodas de uma carruagem, vindo a morrer. O santo apareceu, retirou a criança sem vida entre as rodas e a deu para a mãe, ordenando que lhe desse o peito. “Mas os mortos não comem”, disse a mãe. “Não seja incrédula, dê seu leite”, disse. A criança começou a mamar e abriu os olhos.
Em sua iconografia, o milagre das rosas é dos mais conhecidos. São Benedito levava o lixo dos dormitórios do convento em uma aba do hábito, e o vice-rei da Sicília quis saber o que carregava. O santo mostrou-lhe rosas na outra aba. Nasceu, assim, a devoção a São Benedito das Flores. Com o menino Jesus nos braços, é, pelo milagre que a Virgem lhe concedeu, similar a Santo Antônio. Por ser negro, é patrono de congadas, reisados, folguedo dos negros escravos e forrós do período colonial. Segundo a tradição, por ser lavrador, teria inventado a dança do Moçambique para descansar.
Esta escultura mostra o momento que o santo tira da aba de seu hábito as flores e mostra-as ao vice-rei. O gesto rápido que o santo fez ao realizar o milagre das flores provocou o repuxado vigoroso de seu hábito para a mão esquerda. Esse recurso plástico deu monumentalidade à escultura, apesar de seu tamanho. A pequena cabeça, desproporcional diante da volumetria do hábito, mostra a face popular do artesão. No braço direito estendido, talvez estivesse o menino Jesus. A pintura em preto, monocromática, condiz com a iconografia do santo patrono dos cozinheiros. Sua festa é celebrada no dia 5 de outubro.
Material
Data de produção
Técnica
Local de produção
Anotações do Colecionador
S Benedito de Palermo, madeira escura, base redonda, um bloco cabeça pequena
Bibliografia
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Editora Global, 2000. p. 62-63.
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNINI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. p. 100-101.