Nossa Senhora da Piedade, Escultura religiosa, séc. XVIII

Resumo descritivo

Nossa Senhora da Piedade esculpida em marfim claro e disposta sobre base escura com símbolos remanescentes da Paixão de Cristo. A escultura mostra Nossa Senhora da Piedade, ou Pietà, segurando o corpo do filho morto em seu colo. A iconografia de mostrar o corpo miniaturizado é do período medieval, quando essa invocação nasceu na Alemanha e se espalhou para a França. No Renascimento, por influência de Michelangelo – que fez o corpo do Cristo na obra Pietà, disposta em um altar lateral na Basílica de São Pedro, no Vaticano –, essa desproporção simbólica foi superada.

A dramaticidade desta peça está no corpo contorcido de Cristo, que cruza as pernas e cuja cabeça está voltada para baixo, com os braços como se tivessem sido desprendidos da cruz nesse momento. A Dolorosa inclina-se para a frente para segurar o corpo desfalecido. O dourado das bordas do manto valoriza o movimento contínuo do manto enfunado para trás, ao mesmo tempo que a envolve até a cabeça, expressiva de dor profunda, com olhos enegrecidos e lábios entreabertos. A policromia no Cristo reserva-se para o lado ferido pela lança, no peito e na mão. A policromia da longa cabeleira foi preservada.

A policromia das esculturas da Escola Hispano-Filipina ainda é visível no rosto da Virgem e nas chagas do Cristo. As esculturas dessa escola ressaltavam as bordas com dourados ou acobreados, como ocorre em toda esta peça. Na pintura da face, também pouco se preservou da tradição de pintar os olhos e sobrancelhas, que se ressaltavam quando delineadas. As manchas nos corpos dos mártires também eram característica das esculturas em marfim das Filipinas. Dos atributos que se colocam sobre cruzeiros para designar a Paixão, aqui restaram apenas dois: a mão dos verdugos e os dados lançados sobre sua túnica. Há perfurações para os atributos faltantes.