Casa em Nazaré, Pintura religiosa, séc. XVIII

Resumo descritivo

A Casa de Nazaré ou a Sagrada Família são temas de grande apelo humano e curiosidade retirada dos livros apócrifos – não reconhecidos pela Igreja –, e muito difundidos como pinturas catequéticas e devocionais. São cenas da vida em família, exemplares para a conduta cristã. O ofício de marceneiro de São José é destacado, com o menino Jesus ajudando seu pai a serrar uma tábua, da qual caem flores e estrelas, que são recolhidas em um cálice por um anjinho que traz uma ferramenta – a tenaz que tirará os cravos da cruz – em sua mão esquerda (KLAUCK, 2007, p. 159).

São José ajoelha-se diante do Divino e, cingindo sua túnica, há um cordel vermelho com laço semelhante ao utilizado nas representações da Imaculada. Maria, cujo cinto não aparece, está sentada na soleira da porta, bordando o monograma IHS, Jesus Salvador dos Homens. Ao seu lado, um animal aninha-se em um cesto com fios e tecidos.

A composição esforça-se para ter profundidade, recorrendo, do lado direito do observador, à perspectiva das duas construções de paredes escuras e telhados de intensos vermelhos, que se espalham pelas vestes do Menino, dos anjos e de Maria. Do lado esquerdo, as tábuas, a bancada ao centro, a posição do Menino com a serra, em contraponto com a tábua que o sustenta, mostram o esforço do pintor no uso dos recursos da perspectiva para simular profundidade. A paisagem redime o artista no uso da perspectiva aérea ao aplicar, segundo as paisagens flamengas, as tonalidades de azul-escuro nos tufos de arbustos e árvores que se destacam do horizonte longínquo.