Nossa Senhora das Dores (ou Soledade) é apresentada sentada, solitária, com suas angústias ao pé do Calvário. A iconografia recorrente é a Nossa Senhora com um coração sendo transpassado por uma espada. Aqui, o artesão é discreto, embute o coração materno em seu peito e o transpassa por um punhal, curto, que acerta a parte superior do coração. Visto a iconografia acertada, a pequena imagem surge quase como um talismã a ser preso na palma da mão. A matéria madeira é que determina a configuração de Maria sentada. Apenas goivadas pouco profundas, direcionadas de baixo para o alto, determinam a figura sentada, ereta, em posição frontal, sem o mínimo de leveza ou movimentação. Seus braços curvos e mãos firmemente entrelaçadas não conseguem se desprender da matéria. O manto fecha a figura em sua rotundidade, mas sem o mínimo sopro de inventividade, que o artesão possivelmente teria visto nas imagens dos altares das capelas mineiras.