Nossa Senhora do Rosário, de la Montera, Pintura religiosa, séc. XVII

Resumo descritivo

Sob um baldaquino, a Virgem do Rosário, com chapéu de peregrina viajante, está sentada com o Menino, que a auxilia no dedilhar das contas do rosário. Denomina-se esta iconografia de Nuestra Señora de la Montera, pelo uso do chapéu espanhol. Pintura devocional de apelo cênico, pelos elementos que compõem o altar ou mesmo o andor preparado para uma procissão. A grande Lua crescente aos seus pés corporifica mais um de seus presentes oferecidos pelos fiéis ou pela irmandade à qual pertence a escultura da santa venerada. Sete palmas e pequenos vasos em prata e lanternas completam os adornos com o metal abundante das minas de Potosí. Pequenas campânulas produzem sons suaves com os movimentos do andor levado pelos fiéis.

Esse modelo de representação – a Virgem sob seu baldaquino – tem sua origem em La Laguna, pintura anônima da Virgem da Conceição datada de 1756. Seguiu-se grande difusão por meio de gravuras da Virgem da Conceição de um anônimo de 1772, também da capital das Ilhas Canárias. No México, a gravura do mexicano José de Nava ganhou grande repercussão, ultrapassando as fronteiras até chegar ao Altiplano andino.

A liberdade dos artífices possibilitou recriações no manto, com ornamentos regionais enriquecidos com joias, pérolas prendendo as bordas do manto ou formando desenhos no rico chapéu. O grandioso resplendor da pintura e gravuras foi aqui mais contido, satisfazendo-se com um halo circular com as 12 estrelas marianas nas extremidades dos raios.