Natividade, Relevo, séc. XVII

Resumo descritivo

Neste baixo-relevo representando a natividade, os animais, touro e mula, estão de pé em primeiro plano. O touro será o símbolo do evangelista Lucas, a mula levará Maria ao Egito, e Cristo entrará em Jerusalém sobre uma pobre montaria. O nascimento de Cristo está no Evangelho de São Lucas (2: 7): E (Maria) deu a luz ao seu filho primogênito e envolvendo-o em tecidos, e o inclinou em uma manjedoura, porque na hospedaria onde estavam não havia local para eles. Os fatos milagrosos ocorreram, com uma estrela no céu e um anjo avisando os pastores da boa nova. O devocional popular absorveu muito bem a encenação de São Francisco de Assis, ainda no ano de 1223, em Greccio, na Itália, e os animais de joelhos, com os pastores, completam o cenário de evidente humildade do nascimento de Cristo.

Segundo historiadores, Maria não sofreu as dores do parto, portanto tem forças para ajoelhar-se e adorar o Menino; José, com o cajado que servira na longa caminhada até Belém, fugirá levando-os para o Egito. A presença dos animais está apenas no escrito apócrifo do Pseudo-Mateus (14): ... o boi conheceu seu amo, e o asno o presépio de seu senhor. Grandes auréolas circundam as cabeças de Maria e José, à maneira como as divindades orientais também se apresentam. Dois pastores ouviram o anjo que lhes anunciou o nascimento. A figura de um bom pastor, com uma ovelha nas costas e um odre na cintura, remete ao Bom Pastor, menino Jesus crescido. Outro pastor encontra-se mais ao fundo, com o braço levantado e a cabeça inclinada em posição de meditação.

Rolos de nuvens descem dos céus, formando um verdadeiro buquê de cabeças de anjinhos. Do anjo central saem raios iluminando a noite da natividade, e um anjo traz uma faixa com os dizeres Gloria in excelsis – Glória nas alturas.