Número de registro
816
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Local atual
Sala 03 América Latina, Vitrine 05, Lado A, 2ª prateleira centro
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Resumo descritivo
A Imaculada Conceição é um dogma da Contrarreforma, e sua iconografia – a Virgem sobre rostos de anjinhos e mãos postas a orar – é posterior às Virgens representadas entronadas, ainda do período bizantino até a Idade Média, quando a veneração à Virgem da Piedade se iniciou. Os mais antigos registros são de 1505, em xilogravuras. O conceito de que Maria seria a única a ser concebida sem o pecado original entre os descendentes de Adão e Eva foi combatido por Martinho Lutero (Réau, 2008, p. 81-87). No período das descobertas, Espanha e Portugal foram unânimes na divulgação do culto da Imaculada e consequente combate ao protestantismo. Os franciscanos, os primeiros a chegar às Américas, a elegeram como protetora, entronizando-a nos altares de suas igrejas. Portugal a reconheceu como protetora de seu império. As pinturas espanholas, em especial de Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682), em muito auxiliaram na divulgação da iconografia, acrescida das invocações das litanias marianas (como “Vaso de Ouro”, “Arca da Aliança” e “Torre de Marfim”) e da visão apocalítica da Virgem esmagando a serpente, o crescente lunar e as 12 estrelas como auréola.
A serena escultura da Imaculada levita sobre as cabeças dos putti, encobrindo-as em parte com as pregas de sua túnica. O crescente lunar, oculto no lado esquerdo, ergue a barra do manto dourado. O gesto em oração, com os braços mais ao seu lado esquerdo, junto ao coração, cria um suave contraponto com o movimento da cabeça para o lado oposto. Do repuxado do manto emanam dobras executadas com maestria, formando angulações rígidas logo abrandadas por formas arredondadas. Sua face é virginal: lábios pequenos, pálpebras levemente encobrindo os olhos aprofundados nos mistérios de sua concepção. A longa cabeleira, tão ao gosto das mestiças, desce em madeixas ondulantes sobre o peito. Na face posterior, a cabeleira confirma sua volumetria ao repuxar o manto, que é erguido, mostrando a túnica. Nessa região posterior do manto, também fica evidente o bolo armênio ocre-avermelhado sob o dourado, o qual era feito de argila e cola, possuindo a função estrutural de fixar a folha metálica e reforçar o efeito cromático do douramento.
As imagens da Virgem com grandes mantos triangulares tiveram origem na América do Sul, no Peru do século 18, com a devoção à Nossa Senhora de Copacabana. Em fins do século 17 e durante todo o 18, a escultura peruana é de grande verossimilhança no sentido de favorecer a devoção e a religiosidade, o que culminou em um realismo estético denominado de barroco mestiço.
Material
Data de produção
Técnica
Local de produção
Bibliografia
ÂNGULO ÍÑIGUEZ, DIEGO. Historia del arte hispanoamericano. Barcelona-Buenos Aires: Salvat Editores, S. A., 1945. t. 1-3, p. 327-340.
GUTIÉRREZ, Ramon (coord.). Pintura, escultura y artes útiles en Iberoamérica, 1500-1825. Madrid: Ediciones Cátedra S.A., 1995. p. 264-270. (Manuales Arte Cátedra).
RÉAU, Louis. Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Bíblia. Nuevo Testamento. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2008.