Escultura retabular de São Miguel Arcanjo, esculpida em madeira policromada e dourada. A escultura é uma imagem de vulto (livre no espaço e geralmente trabalhada frente e verso e o relevo) classificada por talha inteira ou completa (totalmente talhada em uma única posição). A figura ergue-se ereta, em posição frontal com poucos movimentos nas pernas, provocados pelos pés, que se acomodam sobre uma peanha com rolos de nuvens. A representação é de um soldado com roupas romanas, viril em sua missão de chefe das hostes celestes e dominador de Lúcifer. Seus gestos são seguros ao apresentar seus atributos (aqui faltantes), como a espada e a balança com as almas. O manto evidencia a proporção anatômica desde as pernas másculas, feições viris e gestos complexos dos dedos das mãos. As plumas não retiram a atenção das feições; ao contrário, ampliam a cabeça encoberta pelas faces curvas do capacete. Visto pela face posterior, o manto desce até a peanha, com poucas pregas de linhas retas, e notam-se melhor as plumas do capacete que nascem próximo às ondulações da cabeleira. As asas, fixas por pinos de madeira, completam a iconografia do ser celeste. A pintura da parte interna do manto é minuciosa, com florais dourados.
Nas Américas, a representação das penas tem dois significados: o primeiro vincula-se à arte pré-colombiana como elemento indígena e exótico em relação à Europa; e o segundo associa-se aos arcanjos espanhóis, sempre representados como os aristocratas do período colonial, com penas nos capacetes ou chapéus.
