Número de registro
749
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 01 Ásia, Vitrine ilha 01, Centro
Resumo descritivo
O Cristo crucificado foi representado apenas na Idade Média. Além das intenções teológicas, como as descrições nos Evangelhos, colaboraram para a evolução formal relatos místicos, resultados de pesquisas científicas, opções culturais e soluções estéticas. No Renascimento, período das grandes navegações e da expansão do cristianismo no mundo, procurou-se uma normatização.
Ou seja, a posição dos braços deveria estar mais próxima à horizontal, indicando estar salvando a todos em todas as direções; na posição ereta, dos pés à cabeça, estaria o Cristo unindo os mundos extremos, o celeste ao terrestre; a cabeça inclinada para a direita, indicando que Roma seria a sede da Igreja e expansão do cristianismo; a dor e a agonia são visíveis na contração do abdome; de dois pregos nos pés, apenas um aparece – e o pé direito sobre o esquerdo. No período do estilo barroco, foram acrescidas dramatizações, como contorções, braços em “V”, exagero nas pinturas das chagas e o nó no perizônio, caindo na lateral e provocando dobras.
Cristo crucificado com os braços em “V”, em posição resultante de várias possibilidades plásticas estudadas durante séculos, e que no período barroco teve ampla divulgação. A cabeça inclinada à direita simboliza a direção de Roma, onde a Igreja será sempre viva. A face é de desfalecido, com os olhos voltados para os céus, quando clama pelo abandono do Pai. Os cabelos são lisos acima da fronte, bipartidos, ondulantes até as orelhas e ziguezagueantes até os ombros. Não tem coroa de espinhos nem a chaga do lado. O abdome está contraído, reflexo dos últimos suspiros, respiração ofegante. O perizônio tem um nó no lado direito. As pernas estão sobrepostas, a direita sobre a esquerda, e os pés cravejados com um só cravo.
Figuras da Escola Indo-Portuguesa tendem a ter faces alongadas e queixos quadrados emoldurados por copiosas madeixas com ondulações angulares para representar cachos. Há poucos detalhes fisionômicos além dos olhos, que tendiam a ser cavados, narizes longos e bocas sem expressão. Qualquer referência aos detalhes anatômicos em figura de Cristo ou santos é altamente esquemática, além de costelas distendidas e veias destacadas ao longo de braços e pernas diminutos, ou dedos dos pés e das mãos sem detalhes. O perizônio nas esculturas de Cristo recebe em geral vários tratamentos; mais tipicamente, está amarrado com o nó no quadril, deixando cair dobras simétricas que terminam em um padrão adornado por pequenas perfurações e uma borda debruada. Ao longo do tempo, tais detalhes seriam incorporados às características mais tipicamente ocidentalizadas (MARCOS, 2013).
Material
Data de produção
Técnica
Local de produção
Anotações do Colecionador
Escultura em marfim patinado. Bela peça, forte.
Bibliografia
MARCOS, Margarita M. Estella. The Indo-Portuguese and Hispano-Philippine Schools of Ivory Sculpture. In: Journey to New Worlds. Spanish and Portuguese Art in the Roberta and Richard Huber Collection. Philadelphia: Philadelphia Museum of Art, 2013. p. 86-94. Tradução livre de Laura Carneiro.