Número de registro
2610
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 02 América Latina Prataria, Parede
Resumo descritivo
Mural dedicado à espiritualidade originária americana. Abya Yala era o nome da terra em língua originária kuna da Colômbia, usada para chamar o nosso continente antes da chegada dos europeus, e significa Terra Viva. O mural representa a filosofia geral do nosso continente pré-hispânico, ainda presente na memória dos nossos povos, com os símbolos sagrados mais representativos da cosmovisão originária. Partes do mural (de dentro para fora em forma de espiral): 1 - SERPENTE BICÉFALA, O MAR E A TERRA: a serpente representa a dualidade permanente, a união dos opostos complementares e as forças do mundo subterrâneo. Ela está em constante intercâmbio energético com o interior da terra e transforma o mundo do caos para a ordem. Pela sua boca, gera o arco-íris, símbolo de câmbios bruscos, de guerra, e anunciador da prosperidade da fertilidade da terra. A grande serpente contém a terra (símbolo de três degraus em marrom) e o mar (símbolo da onda em azul), junto com as espécies marinhas percorrendo sobre as ondas do mar. Esse mar se retroalimenta com os outros tipos de fonte aquática, através das chuvas mandadas pelos raios, que viram neve nas sagradas montanhas, voltando pelas lagoas e pelos rios da terra. 2 - CÉU: Sol e Lua – fundadores de filosofias, de grandes povos e civilizações –, junto com as estrelas, são o espelho do mundo daqui. São os organizadores gerais do universo. 3 - LHAMA: organizadora da Via Láctea, ela percorre o grande rio da vida do universo, traz prosperidade e multiplicação às espécies. 4 - AVES SAGRADAS: condores, beija flores e falcões sempre foram os mensageiros diretos do mundo daqui com as divindades do céu. Eles viajam levando os nossos pedidos, oferendas e comportamentos a todo o mundo do céu e estão principalmente conectados com o Sol. 5 - RAIO: conector direto dos tempos do florescimento e ligado diretamente com a força da chuva nos solstícios de verão. É o fecundador direto da terra e foi fundador de civilizações, assim como divindade tutelar da guerra. 6 - MILHO: alimento principal diretamente ligado ao Pai Sol. É o grão que une as civilizações originárias. 7 - FELINO: animal sagrado ligado ao raio, à iniciação dos guerreiros, e representado sempre em tons avermelhados, pela sua ligação com o fogo do Sol e o grito do raio. É usado também como animal totem de guerra. Na sua cabeça descansa o Spondylus, concha sagrada principal das elites originárias antigas, utilizada nas oferendas mais importantes por ser representante do Pai Sol. 8 - DEGRAUS: o degrau para o céu (dourado-branco) representa as forças masculinas, enquanto o degrau para baixo (preto-prata) representa as forças femininas. Essa iconografia sagrada é um dos símbolos universais das culturas originárias, que explica o espaço-tempo dual. 9 - ÁRVORE COM LOSANGO: é a representação das crenças e da filosofia amazônica influente nos Andes. Esse símbolo viajou por muitos milênios percorrendo os oráculos americanos, muitas vezes representando o Sol, e até hoje é vigente. Do lado esquerdo, um círculo dourado representa as quatro partes do mundo, um símbolo usado para indicar o espaço-tempo. 10 - ANCESTRAIS E CORAÇÃO: caveira preta, morte feminina, caveira branca, morte masculina – a dualidade complementar para a origem de qualquer tipo de vida. Os ancestrais são necessários para a eternidade das ideias, são os intermediários para equilibrar o funcionamento da natureza entre os vivos e os oráculos. Esses ancestrais precisam de oferendas, de comida e rituais, para trazer a vida de volta ao mundo, e o coração vivo no centro enchendo de sangue os ancestrais representa isto: a troca entre a vida e a morte para a permanência do equilíbrio. Este mural é dedicado a Abya Yala Pachamama, dona da verdadeira ancestralidade do nosso continente. Adrián ILave Inca