São Domingos de Gusmão, Pintura religiosa, séc. XVII

Resumo descritivo

Nesta pintura de São Domingos de Gusmão recebendo o rosário das mãos de Nossa Senhora, a Virgem com o menino Jesus estão no plano terrestre junto ao fundador da Ordem dos Pregadores, popularmente chamados de dominicanos. O santo, ajoelhado e com açucenas na mão, representando seu voto de castidade, recebe um rosário de pedras vermelhas, semelhante ao que está em pedras negras em seu hábito branco e escuro. Ainda no plano terrestre, um cachorro coloca suas patas sobre o globo terrestre enquanto segura uma tocha acesa em sua boca, símbolo este relacionado ao sonho que teve a mãe de Domingos antes de seu nascimento, em 1170, na Espanha: de seu útero saía um cãozinho, que trazia na boca uma tocha ardente incendiando o universo. O nome Domingos (dominus) significa Senhor e profeticamente levou ao mundo a fé – a vela – e a palavra das “Sagradas Escrituras” ao fundar a Ordem dos Pregadores – domini canis, guardiões do Senhor.

A criança que aparece é São João Batista, conduzindo o cordeiro com um cordão semelhante às contas do rosário. João Batista foi o profeta que pregou no deserto a vinda de Cristo. A analogia que se faz é que São Domingos é o guardião do Senhor convertendo os hereges na França. A Virgem do Rosário aparece ao santo com o menino Jesus e lhe ensina a rezar o terço como meio de conversão e salvação daqueles que não creem; nas Américas, os dominicanos utilizaram a reza do terço, popularizando a religião entre os crioullos. O Menino olha para o cão e, temeroso, busca o socorro da mãe.

Ao fundo da figura do santo há um movimento de nuvens avermelhadas a mencionar a ação de incendiar o mundo, como no sonho de sua mãe. Por detrás da Virgem há uma natureza calma, com árvores à maneira da pintura flamenga, tão ao agrado da escola cusquenha, destacando uma ave de origem americana. Envolta em uma coroa de nuvens aparece a pomba do Espírito Santo, inspirando o santo no dom da palavra, como ocorre com os apóstolos em Pentecostes.