Adão e Eva, Escultura religiosa, séc. XVIII

Resumo descritivo

As esculturas de Adão e Eva são em madeira entalhada e policromada. Unem-se pela base octogonal e pelos gestos dos braços. Pais de toda a humanidade, eles estão no Éden, o paraíso terrestre, prestes a comer a fruta do conhecimento, que geraria o pecado original. Na versão do “Gênesis”, Deus modelou Adão do barro – em hebreu, adamah ou adón, daí o nome Adão. Eva foi criada de uma parte do lado do homem, para que tivesse a igualdade: se dos pés, seria inferior; se da cabeça, o suplantaria. Sendo de seu lado e de seu osso, carne de sua carne, seria a mulher, que o completaria. Os dois já nasceram adultos, não foram gerados, mas criados. Ambos estavam nus, o homem e a mulher, mas não se envergonhavam (Gn 2:25). A cena representada é a da queda do homem, ou seja, do pecado original. Deus lhes dera tudo, menos a permissão de comer do fruto da árvore da sabedoria. Não comais dele nem sequer o toqueis, caso contrário morrereis (Gn 3:3).

Aqui a cena se passa no momento em que Eva, tentada pela serpente, oferece a Adão o fruto proibido. O casal inicial da humanidade tem o mesmo tamanho, homem e mulher, não tem sexo e Adão sequer tem umbigo. Eva mira o futuro, os olhos estão profundos, pupilas demarcadas, cílios pintados e seus lábios calados. Com o braço esquerdo estendido, oferece o fruto proibido ao pai de todos os homens. Com o outro braço, oculta parte do seio. Adão, com um gesto da mão direita, indaga sobre o fruto oferecido e, com o braço esquerdo, quase a tocar nas costas da mãe da humanidade, indica seu consentimento em provar do fruto. Sua cabeça está ereta, firme sobre o corpo, e o rosto emoldurado pela barba prenuncia a decisão de fazer a vontade feminina. Vistos pela parte posterior, o destaque é a longa cabeleira de Eva. A cena do pecado original mais celebrada, com a serpente, a árvore e o fruto a ser colhido por Eva e oferecido a Adão, está no teto da Capela Sistina, em Roma, obra de Michelangelo.