Número de registro
1220
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Local atual
Sala 05 Minas Gerais e Arte Popular, Parede
Resumo descritivo
Excepcional talha em madeira dourada emoldurando um sacrário, com a presença de duas fênices, que se ocupam em bicar pequenas tâmaras. Essas aves míticas, que a cada 100 anos se consomem em seus ninhos sobre tamareiras, na Antiguidade eram o símbolo da ressurreição e mortalidade de Cristo. As folhas de acanto se retorcem entre ramagens com flores nas extremidades. O acanto, utilizado desde a Antiguidade em monumentos funerários, por seus espinhos no verso, é símbolo de que os sacrifícios da vida e da morte foram vencidos. Segundo o livro do “Gênesis”, aquele que estiver ornado por essa folha, venceu a maldição bíblica: O solo produzirá para ti espinhos e cardos (Gn 3: 18). Assim, quem passou pela prova a transformou em glória.
A folha tem como referencial a arte clássica antiga e foi efusivamente empregada no período barroco em capitéis, forrando até mesmo paredes. Aqui, as folhas de acanto se entrelaçam com as aves, revelam flores e sustentam putti que seguram uma coroa. Os putti, seres que convivem com Deus no espaço celeste, são também a prova de sua existência, aqui tão perto do sacrário, onde se guarda a hóstia consagrada. Nus e graciosos, contorcem-se entre as volutas fitomórficas, de considerável tridimensionalidade, conseguida por meio de habilidoso trabalho de entalhar a madeira – cedro –, exibindo uma volumetria considerável. A coroa real, que em Portugal foi entregue à proteção da Imaculada Conceição, é ornada com losangos e sequências de formas amendoadas. No topo, uma esfera e, sobre ela, a cruz latina. A talha, por suas características estilísticas, pode ser datada do início do século 18, entre as fases do nacional português e o joanino.
O relevo em madeira da portinhola, de outra procedência, mostra o Cristo ressuscitado sobre o túmulo. Esse relevo tem como referencial a escultura em mármore do Cristo Triunfante (1519), de Michelangelo, que está na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma. O Cristo está com o corpo nu, com apenas um tecido esvoaçante sobre parte do corpo, de pé, e segura uma cruz com um lábaro. Com o braço direito estendido, aponta com a mão para o reino dos céus.
Material
Data de produção
Local de produção
Anotações do Colecionador
Frente de sacrario. Porta representando "A resurreição de Cristo". Madeira dourada e policromada. Escultura de influencia portuguesa do século XVII. Dois anjos seguram a coroa real, pelicanos simbolicos. (origem: Portugal?)