Número de registro
403
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 05 Minas Gerais e Arte Popular, Vitrine 12, Nicho 12
Resumo descritivo
São Martinho de Tours (Panônia, ca. 316 – Candes, 397) era filho de um alto oficial romano e formou-se em Pavia. Em missão militar em Amiens, viu um mendigo seminu na porta da cidade. Tirou a capa, de cima do cavalo, cortou-a ao meio e deu-a ao mendigo. Durante a noite teve um sonho: Cristo usava sua capa. Com esse sinal, converteu-se ao cristianismo, abandonou o exército e uniu-se aos discípulos de Hilário de Poitiers. Em 371, foi aclamado popularmente bispo de Tours, aceitou, mas continuou vivendo como monge no monastério de Marmoutier, evangelizando os pobres agricultores. Combatia a heresia, enfrentando o bispo de Chaves, partidário da repressão violenta contra os hereges.
Os milagres em vida são muitos. Ao ser assaltado em uma estrada, converteu os ladrões; reviveu um homem enforcado; curou uma menina muda; ressuscitou um homem; reconheceu um demônio nas feições de Cristo; falava com os pássaros; uma luz apareceu durante a celebração de uma missa; e, por fim, previu a própria morte, em 397, em Candes. Logo foi venerado e teve sua vida escrita pelos discípulos Sulpício e Severo. Sua festa no período medieval ganhou muita importância, pois era data para o final anual dos assuntos judiciais e financeiros e também para a caça aos cerdos.
Sua capa foi recolhida na catedral e denominada chapelle, de onde deriva a palavra “capela”, que passou a designar um lugar nas igrejas. Sua iconografia origina-se na ação sobre o cavalo – repartir a capa com sua espada e doá-la ao mendigo. Em pinturas, são várias as cenas de sua vida: Cristo com sua capa, seu batismo, batizando sua mãe e prevendo sua morte. Seus atributos são a capa, a mitra e o báculo episcopal, o ganso e o urso.
A representação escultórica de São Martinho de Tours é complexa, exigindo conhecimento e técnica para esculpir as três figuras: o santo montado no cavalo, o animal e o mendigo. As gestualidades devem ser expressas com torções dos corpos – humano e animal –, configurando a habilidade do artesão ou artista. Neste caso, o artesão amplia a cena posicionando os personagens sobre três degraus, elevando a cena a um aspecto monumental. O animal em movimento não poderia ser proporcional aos corpos humanos. O ato de desprendimento do santo soldado, que se volta para o mendigo e corta sua túnica ao meio para ofertá-la ao homem de pé, é o mais importante a ser lembrado. A coloração da peça é equilibrada com os brancos-amarronzados, que lhe dão um ar de antiguidade, o vermelho envelhecido da capa, que se destaca por ser a ação de desprendimento, e o marrom da túnica do mendigo, a sugerir sua condição de pedinte.
Material
Data de produção
Técnica
Local de produção
Anotações do Colecionador
Imagem ingenua de São Martim cavalgando. O Santo esta dando à um pobre a metade da sua capa. O Santo veste um uniforme militar.São Martim de Tours, na França, era um militar do Século IV.
Bibliografia
DUCHET-SUCHAUX, Gaston. The Bible and the saints. Flammarion Iconographic Guides. Paris: Flammarion, 1994. p. 231-232.
ESCUDERO, Lorenzo de la Plaza et alii. Guía para identificar los santos de la iconografía cristiana. Madrid: Cuadernos Arte Cátedra, 2018. p. 332-334.
RÉAU, Louis. Iconografía del arte cristiano. Iconografía de los santos. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2001. v. 4, t. 2, p. 348-367.