As pinturas catequéticas eram utilizadas nas missões como meio de ensinamento aos nativos. De pequeno formato, esta obra poderia ter sido encomendada em uma série sobre os passos da Paixão de Cristo, além daqueles tradicionais da via-crúcis. A cena se passa dentro do palácio de Herodes Antipas, quando este tem muita curiosidade de conhecer o homem que seu pai, Herodes, o Grande, tentara matar. Como Jesus não respondeu a nenhuma pergunta do rei, este mandou que colocassem nele uma túnica branca e o devolvessem a Pilatos.
Esse momento de grande conflito – ou seja, o ápice da ação, quando Herodes levanta-se do trono, rasga as vestes e, raivoso, ordena que Jesus seja devolvido à justiça dos romanos – é típico da expressão barroca. Recorre aos gestos largos e extremos, como o de Herodes ao se levantar do trono e rasgar as vestes com as duas mãos, e o dos soldados ao amarrarem Cristo, dando passos largos para agarrar seus braços.
A pintura, pelo manuseio, sendo certa a hipótese de pintura catequética muito utilizada, sofreu danos nas bordas e, se enrolada para o transporte, sofreu craquelados. A composição é dinâmica, com a movimentação dos braços pouco acima da cintura dos personagens. Para obter um pouco de profundidade, foi esboçado o degrau do trono. Um possível corte na tela suprimiu parte do dossel, que daria maior profundidade à cena.
Dois soldados trazem Cristo diante de Poncio Pilato que abre sua roupa com as duas mãos.
Bibliografia
RÉAU, Louis. Presentación a Herodes. In: Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Biblia. Nuevo Testamento. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2008. v. 2, t. 1, p. 467-468.
