Número de registro
863
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Local atual
Sala 03 América Latina, Parede
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Resumo descritivo
A passagem da fuga para o Egito é narrada apenas no Evangelho de São Mateus: ... apareceu um anjo em sonho a José e disse: Levanta, toma o menino e a mãe , foge para o Egito e fica lá até que te avise. Pois Herodes vai procurar o menino para matar. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, de noite, e partiu para o Egito (Mt 2: 13-14).
Esse tema, de grande aceitação popular, de proteção ao filho, foi amplamente desenvolvido por artistas desde o período românico, nos capitéis das catedrais. Giotto o consagrou em afresco na Basílica de São Francisco em Assis. A composição é dinâmica, típica do barroco. A dramaticidade está na iminente possibilidade de uma morte. Essa passagem se une, no texto de Mateus, com as cenas seguintes da leitura, quando Herodes promove a matança dos inocentes. É um tema consequente de outro, a volta do Egito. As três cenas estão carregadas do emocional: a aparição do anjo a José, a fuga apressada e e o alvorecer.
Nesta pintura, esses elementos estão presentes. A cena é vista um pouco abaixo da linha de visão do fiel, o que obriga o artista a se aproximar muito dos objetos a ser pintados: São José, como pai, abarca toda a cena com suas vestes esvoaçantes e o cajado, e seu olhar é para a mãe e um pouco para trás, espreitando; Maria ocupa-se totalmente do filho, com um amplo gesto de carinho no olhar, e protege o seio do qual sairá o sustento do menino; o animal está diluído em importância no relato como na expressão pictórica pelas cores escuras que pendem entre as roupagens.
A paisagem no fundo, prenunciando a aurora, tem como referencial as antigas pinturas flamengas que influenciaram os primórdios dos ateliês da cidade de Cusco. A perspectiva aérea – diluição dos objetos como recurso de distanciamento – pode ser ainda sentida, em especial na arquitetura fantasiosa no último plano. A grande mancha por detrás da Virgem dramatiza a cena, que ocorre no lusco-fusco da madrugada. A iluminação dos rostos é coerente com a gramática barroca, com um ponto apenas no foco principal, as expressões daqueles que partem em fuga. A maneira com que o Menino está enfaixado é decorrente de iconografia renascentista presente nos relevos do Spedale degli Innocenti – Hospital dos Inocentes –, em Florença.
Data de produção
Local de produção
Anotações do Colecionador
Fuga para o Egito, influencia europeia
Bibliografia
RÉAU, Louis. La vida de la Sagrada Familia en el exilio. In: Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Biblia. Nuevo Testamento. Barcelona: Ediciones del Serbal, 2008. v. 2, t. 1, p. 295-298.
STRATTON-PRUITT, Suzanne L. Journeys to New Worlds. Spanish and Portuguese Colonial Art in the Roberta and Richard Huber Collection. Philadelphia: Philadelphia Museum of Art, 2013. p. 41.