Número de registro
1242
Denominação
Classificação/Tipologia
Movimentação
Tipo de movimentação
Exposição de longa duração
Local atual
Sala 03 América Latina, Parede
Resumo descritivo
Nossa Senhora de Cocharcas é uma invocação peruana que remonta ao século 16. Segundo a tradição, o indígena Sebastián Martín, doente, peregrinou de Cocharcas para o santuário de Nossa Senhora de Copacabana, na Bolívia. Em agradecimento à cura de suas doenças, levou para Cocharcas uma imagem daquela Nossa Senhora e lá construiu uma capela, que logo se transformou em local de peregrinação. As notícias mais antigas sobre o santuário datam de 1624, como local de devoção dos nativos e dos conquistadores.
Aqui está representada com a iconografia da pintura da Virgem da Candelária, de La Laguna, com a vela na mão, tradição dessa veneração das Ilhas Canárias. A Virgem é representada ricamente vestida com tecidos adamascados e em uma das mãos segura a candeia, da apresentação do menino Jesus no templo. O Menino, também coroado, está seguro em seu braço esquerdo. Resplandecente com o sol, do livro do “Apocalipse”, está ornada com coroa e resplendores como os raios do sol. Sua face está emoldurada por fios de pérolas e rendas.
Nesta versão, segundo a iconografia, a Virgem está disposta em um altar ou nicho com rosas aos pés e cortinado vermelho na face externa e azul na interna, ornando com as ricas vestes da Virgem. Dois grandes nós rimam com as mangas rendadas com formas circulares destacando as mãos. Na direita, a vela a relembrar o caminho até o templo para sua purificação. Alude também às procissões ao alvorecer por ocasião de sua festa, em 2 de fevereiro. O menino Jesus, coroado, também levado ao templo segundo as leis hebraicas, segura o globo terrestre, abençoando os fiéis.
As requintadas vestimentas que eram ofertadas à imagem pelos ricos fiéis aqui auxiliam na composição triangular do manto com dobras simétricas, ampliando o sentido de profundidade por meio de trapeados, que provocam zonas escuras que se fecham ao centro ao mostrar a túnica e abrem-se em leque direcionando o olhar para a zona escura do fundo. Os cordões de pérolas pendentes de coloração nácar se destacam sobre o vermelho do veludo adamascado, suspensos por laçarotes azulados. Como elementos compositivos, estão dispostos em gradiente, iniciado com a linha curva do acabamento da barra do manto e subindo até o colo descoberto enunciado por amplo rendado.
Nesta versão andina de Nuestra Senõra de Cocharcas, a iconografia difere das espanholas, em sua maioria com toucado monástico circundado por pedrarias; aqui a longa cabeleira emana de sua larga tez, envolvendo o pequeno Menino, e se solta até os laçarotes. Minúsculas flores brilham remontando à luminosidade milagrosa na gruta de sua aparição. Sua face serena, de olhar baixo, é agraciada pelo modelado delicado das tonalidades da pele roseada. Os lábios encarnados rimam em intensidade com o vermelho da chama da vela. Os brincos, sempre ofertados por mulheres piedosas, ganham evidência pelo brilho da prata modelada com raios substituindo o resplendor, que em muitas representações circunda a cabeça sempre coroada. Sua festa é celebrada em 7 de agosto, com grandes romarias na igreja de Cocharcas, e também sua imagem é peregrina – mamacha peregrina ou mamita (mãezinha) – durante três meses nas regiões de Lima, Ica, Ayacucho, Chinceros e Apurimas. Por vezes percorre a região do lago Titicaca até o santuário de Nossa Senhora de Copacabana.
Data de produção
Local de produção
Anotações do Colecionador
Grande NS de COCHARCAS, traços orientais, duas fileiras de pérolas, rosas, ricos detalhes,
Bibliografia
DECLARAN a la "Virgen de Cocharcas" como patrona de la Región Junín. El Peruano. Disponível em: https://busquedas.elperuano.pe/normaslegales/declaran-a-la-virgen-de-cocharcas-como-patrona-de-la-regio-ordenanza-no-235-grjcr-1402074-1/. Acesso em: 8 fev. 2021.
GAVILÁN, Alonso Ramos. Historia del Santuario de Nuestra Señora de Copacabana. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2021.
GISBERT, Teresa; MESA, José de. La Virgen María en Bolivia. La dialéctica barroca en la representación de María. In: Memorial del I Encuentro Internacional Barroco Andino. La Paz: Viceministerio de Cultura Unión Latina, 2003. p. 21-36.
MORALES, Carlos Rodriguez. Espejos marianos – retratos y retratistas de la Candelaria. In: Vestida de sol. Iconografía y memoria de Nuestra Señora de Candelaria. San Cristóbal de la Laguna: Caja Canarias, 2009. p. 30-56.