A escultura retabular de Santo Isidro é destaque na Coleção Boulieu pela sua fatura, e também por ser ele um santo espanhol tão divulgado nas Américas – em especial pelos padres da Companhia de Jesus. O santo patrono dos agricultores era levado em procissão, em um andor, até os campos onde os guaranis cultivavam suas plantações. A imagem do santo lá permanecia até o final da jornada, quando retornava à igreja entre rezas e cânticos. Essa tradição se origina do fato de que o próprio santo, ainda na Idade Média, procurava uma igreja nos arredores da atual Madri para assistir a uma missa antes de ir arar a terra. Diz a tradição que os companheiros reclamavam que ele chegava mais tarde ao campo, e foram se queixar com o patrão. Este foi averiguar a veracidade da informação, mas, ao chegar ao local, viu que um anjo estava arando a terra no lugar de Isidro.
De cunho erudito, esta escultura retabular está posicionada sobre uma base piramidal truncada, policromada. Sua posição é ereta, frontal, e flexiona os braços com elegância para carregar seus atributos (faltantes): os instrumentos de trabalho no campo. Sua bota é de cano alto, fechada com cadarço e terminada com peles. A vestimenta, alusiva às suas idas e vindas às raras igrejas ao redor de seu trabalho, é aquela de ver Deus: túnica curta, capa abotoada no peito e aberta abaixo e sobrecapa também curta. A cabeça, levemente inclinada, tem ares de nobreza, com barba bem aparada e cabelos volumosos, confirmando sua feição viril. A policromia está em bom estado e há equilíbrio entre o vermelho e o dourado, reluzentes, minimizados pela cor azulada, mais fria, na sobrecapa.
